Que assim como eu conheceram o "fundo do poço" físico e psicológico mas que nunca se deixaram abater. Ao contrário, tiraram daquele momento, da dor, da descrença em sua recuperação força para levantar e, não mostrar ou provar para ninguém, dar a volta por cima!
Diz um (ex) amigo ( e digo isso pq ele foi um dos que me deu as costas quando precisei) que a felicidade nada mais é do que tudo que existe entro o PIOR e o MELHOR momento de nossas vidas.
Sempre que você estiver mal, triste, com vontade de desistir pense no PIOR momento de sua vida, daquele que nunca mais quer passar outra vez.
E sempre que estiver em êxtase, super feliz, lembre-se do MELHOR momento de sua vida, daquele sublime e pense que pode melhorar!
Vou contar aqui o que me aconteceu e um pouco sobre o que se passou comigo para que possam ter uma pequena idéia.
Para quem não sabe, sofri um acidente de páraquedas no dia 20/12/2009.
Após mais de 1 hora esperando o resgate completamente anestesiado da cintura pra baixo e com dores insuportáveis nas costas( e aqui agradeço publicamente o atendimento dos policiais e bombeiros do helicóptero da polícia militar de SC) cheguei ao hospital Governador Celso Ramos e o médico de plantão disse ao bombeiro que a emergência estava lotada e que haviam me levado lá sem avisá-lo, e que dessem um jeito e me levassem para outro lugar porque ele não queria nem saber. Ainda meio alucinado de dor, peguei meu celular e telefonei para minha cunhada Dr. Gladys Lentz Martins que ligou para o tal médico de plantão e deu-lhe um esporro. Logo depois o mesmo veio todo querido me atender......
Neste momento já havia se passado umas 3 horas do acidente e eu estava há 3 horas sem nem um Tylenol com 2 fraturas na coluna e minha perna esquerda destroçada.
Fui fazer os exames radiográficos e me levaram para o centro cirúrgico para que o ortopedista de plantão pudesse pelo menos juntar os ossos da minha perna com uma trava cirúrgicada para que ficassem imobilizados.
Ao acordar da cirurgia, numa "rápida" reunião médica me foi dito o seguinte e da seguinte forma:
- "Bom Roberto, vc teve uma fratura por explosão da sua vértebra L4 e ela terá que ser removida e substituída por um dispositivo de metal chamado CAGE e a L3 e L5 serão unidas por uma haste metáica, e um fragmento ósseo da L4 penetrou em sua medula e não sabemos a extensão da lesão medular. Só saberemos se vc haverá alguma sequela motora ou se vc ficará numa cadeira de rodas após a cirurgia.
Com relação a sua perna esquerda, ela está completamente destruída do joelho para baixo e após a cirurgia veremos como vai evoluir, mas em média 95% dos pacientes com o quadro igual ao seu evoluem para amputação.
A propósito, você prefere usar sonda ou fralda?"
Enquanto ele falava tudo isso pra mim, fiquei me imaginando treinando já com prótese na perna, correndo, pedalando e nadando, competindo e vivendo normalmente.
Engraçado que não me vi na cadeira de rodas e não me abalei com isso. Apenas entreguei meu corpo às mãos dos médicos competentes e depois veríamos o "estrago".
E é justamente aí que quero chegar. Neste ponto específico de todo o processo e pra mim a parte MAIS importante de tudo. Mais até que o ótimo atendimento, da cirurgia realizada com perfeição, dos cuidados da enfermagem e da fisioterapeuta etc.....
MINHA MENTE, MEU DESEJO, MINHA FORÇA que me trouxeram de volta!
Em NENHUM momento deixei me abater, me entreguei, baixei a cabeça. A cada olhar de pena, retribuía com uma palavra de coragem e de força.
Meus (verdadeiros) amigos iam me visitar ou me ligavam e me diziam que eu ia sair dessa e que ficaria bom.......Eu dizia que eu estava ótimo já só pelo fato de estar vivo e TUDO o que viesse seria um presente.
Pois bem....Hoje estou aqui escrevendo neste Blog porque estou treinando para a travessia do Canal da Mancha. Na verdade os treinos específicos para a travessia começam exatamente um ano antes mas estou recuperando fisicamente e preparando meu corpo para os duros treinos, me aclimatando com água fria, fazendo musculação, fisioterapia......No pain no gain!
E novamente ouço de alguns que é loucura, que sou maluco, que tenho merda na cabeça. Para estas pessoas eu coloquei a foto acima!
Se eu conseguirei ou não completar o Canal da Mancha é outro problema, mas o fato é que tracei um objetivo, tenho um foco e ACREDITO!
Extraí todo o negativismo em força viva e mantenho minha perseverança e minha vontade de deixar um legado. Não para o mundo, mas para mim....
EU POSSO!
3 comentários:
Muito bom!!! PARABÉNS pelo texto, que ficou sensacional...e pela sua garra, essa com certeza uma lição de vida.
Beto,
Como te falei há algumas horas atrás admiro mto tua determinação, principalmente pq sei que no teu lugar eu não seria tão forte e isso me faz te invejar de uma maneira saudável, te admirando, sabe é como quando temos um ídolo no esporte.......vc não é maluco.... um pouco doidinho rsrs acho que vc é movido por isso, por esses objetivos que para muitos são maluquices, mas para vc é só mais um a ser conquistado.... tenho certeza do teu sucesso na travessia e como já te falei tentarei ajudar no que puder......mesmo que não obtenha sucesso, pode estar certo que tentarei até o fim.
Pra não perder o costume vou discordar de vc.....o legado vc deixa pra sua princesa também.....ela ainda falará com muito orgulho do pai vencedor!!!!
Roberto,
Hj me vejo do outro lado, como leitora do seu blog. Acho muito engraçado estar deste lado e ter a sensação "que eu já passei por isso". Acho que já te disse isso, mas eu já o considero um vencedor. Acho que sua vontade de viver e de superação é exemplo.
No treinamento você irá passar por muitas dificuldades. Vai ser difícil, dolorido. Estou lendo um livro que tem uma frase do Oscar Schmidt: "A dor faz parte do uniforme do atleta". Isso é bem verdade, vc já deve ter sentido isso "na pele".
O dia da travessia em si será até mais fácil, se comparado aos treinos. Mas aí vem aquele outro ponto, o Canal é imprevisível. Não dá para afirmar, por mais preparado que você esteja, se você conseguirá ou não.
Faça o seu melhor, e torça para o Canal fazer a parte dele.....
Sucesso!!
Beijo,
Lu
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